poema





Quem andará, dentro da tarde triste e fria, 
perlustrando, em silêncio, as aleias de sombra, 
e deixando, ao cair de um vago fim de dia, 
o apressado rumor de leves pés na alfombra?... 

Quem andará, dentro da tarde, triste e erma,
dentro da tarde, de olhos raros e distantes,
enchendo o parque de volúpia morna e enferma
de dedos longos e de lábios balbuciantes?...

Quem andará, dentro da tarde triste e fria,
quase roçando o espelho azul do lago raso?...
Quem andará dentro da tarde triste e fria?...

Quem andará perto do céu, nesta hora sombria,
desfolhando do azul, sobre as cinzas do ocaso,
grinaldas cor de luar, dentro da tarde fria?...

Athos Damasceno Pereira
(1902-1975)

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