infarto feminino
Os primeiros sinais de alerta podem surgir com meses de antecedência
Estudos feitos na Noruega, no Canadá e nos EUA constataram que a maioria das mulheres se queixa de algum sintoma importante até um ano antes de um infarto. Em geral, esse sintoma é fadiga incomum, transtornos do sono e falta de ar. Outros são ansiedade, indigestão, períodos de dormência nos braços e dor em algum ponto do peito, do maxilar, das costas, dos braços ou das pernas.
– Exames comuns podem não acusar problemas
A redução do fluxo sanguíneo no coração, a chamada isquemia, é atribuída à presença de obstruções distintas causadas por placas nas artérias coronárias. A ruptura dessas placas é a causa do infarto na maioria de homens e mulheres. No entanto, descobertas mais recentes mostram que a isquemia pode ter várias causas, como vasos sanguíneos do coração estreitados ou enrijecidos a ponto de restringir o fluxo de sangue – a chamada disfunção microvascular coronariana. Um importante estudo conduzido nos Estados Unidos na década passada, a Avaliação da Síndrome Isquêmica em Mulheres, verificou que cerca de 50% das mulheres com dor no peito, falta de ar e mau resultado na prova de esforço não apresentam obstruções em angiografias comuns. Essas descobertas podem ajudar a explicar por que os exames mais comuns para diagnóstico talvez não acusem o infarto sofrido por algumas mulheres.
– Os infartos estão aumentando em mulheres de meia-idade
Por causa do efeito protetor do estrogênio, a maioria das mulheres sofre infartos sete a dez anos depois dos homens, em média, em geral após a menopausa, com o pico de incidência depois dos 70 anos. Mas estudos mostram que, nas últimas duas décadas, o número de infartos em mulheres de meia-idade (entre 40 e 65 anos) vem aumentando, enquanto o número de infartos em homens da mesma idade vem diminuindo. Essa mudança pode estar ligada ao aumento da incidência dos principais fatores de risco cardiovasculares: tabagismo, diabetes, pressão alta, obesidade e vida sedentária.
– As mulheres têm fatores de risco próprios e significativos
Os principais fatores de risco cardiovasculares são os mesmos para homens e mulheres, mas nas mulheres o tabagismo e o diabetes apresentam importância crescente nos últimos 20 anos. E as mulheres têm alguns fatores de risco importantes que os homens não têm. As complicações da gravidez, principalmente a pré-eclâmpsia, aumentam de forma substancial o risco cardiovascular. Outros fatores de risco são diabetes gestacional e restrição do crescimento intrauterino do bebê. Entre os fatores de risco exclusivamente femininos também estão a menopausa precoce (antes dos 40 anos), momento no qual a mulher perde a proteção hormonal cardiovascular natural. Lamentavelmente, essa proteção não pode ser garantida com a reposição hormonal. A doença chamada síndrome do ovário policístico, que provoca infertilidade, ganho de peso e menstruações irregulares, também aumenta o risco de cardiopatia.
– A síndrome do coração partido pode pôr a vida em perigo
Em 1990, pesquisadores japoneses foram os primeiros a identificar um problema cardíaco temporário, mas capaz de ser fatal, em geral causado por estresse, tristeza ou choque extremos, que é nove vezes mais comum em mulheres depois da menopausa do que em homens. É a síndrome do coração partido, ou cardiomiopatia de Takotsubo ou ainda balonamento apical transitório do ventrículo esquerdo. A doença interfere na eficácia do bombeamento do coração e pode provocar sintomas de infarto e alterações no eletrocardiograma, mas não há obstrução de artérias. Cada vez mais a síndrome vem sendo identificada nos pacientes, e há estudos em andamento no mundo inteiro para encontrar a causa subjacente.
– Uma laceração ou o inchaço de uma artéria pode interromper o fluxo sanguíneo
Na “dissecção espontânea das artérias coronárias”, uma laceração ou um inchaço numa das artérias coronárias interrompe o fluxo sanguíneo. Dos que sofrem de dissecção espontânea, 70% são mulheres. A doença geralmente surge entre os 30 e os 40 anos. É extremamente rara, atingindo pacientes jovens e do sexo feminino, e corresponde a 0,1% a 1,1% dos casos de infarto agudo do miocárdio. Na maioria das vezes, estão ausentes os fatores de risco clássicos para doença aterosclerótica coronária.
– Acredite nos seus sintomas e seja sua maior defensora
Embora a compreensão dos infartos femininos tenha melhorado muito na última década, os especialistas observam que são necessárias mais pesquisas com maior representatividade de mulheres. Além disso, é fundamental que elas levem muito a sério os riscos e os sintomas. Mesmo os mais de 75% das mulheres com o conhecido sintoma de dor no peito como característica dominante ainda costumam desdenhá-lo por supor que não pode ser infarto.
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