Os heróis e o Herói
Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem. Hebreus 11:1
Se 1 Coríntios 13 é a sublime anatomia do amor, Hebreus 11 é a fé exemplificada. Fé verdadeira, contudo, deixa o nível do abstrato para entrar no reino da realidade. Todo o capítulo é uma “lista de chamada” dos grandes vultos a quem a tradição passou a chamar de “heróis da fé”. A narrativa está pontuada com o refrão “pela fé…”.
Porém, mais do que definir a fé, o autor sagrado passa a demonstrar como a fé se comporta na vida concreta. Com o autor, marchamos pela coluna formada por inúmeros personagens do passado. A narrativa demonstra como cada nome mencionado exibiu as características da fé. Tornaram a esperança realidade. Puderam andar vendo o que não podia ser visto, de tal forma que o invisível tornou-se real. Nos vários exemplos, aprendemos que a crença torna-se fé no ponto da ação.
Encontramos nesse capítulo dois movimentos. Da criação, ele passa pelo mundo antediluviano, relembra a experiência dos patriarcas e nos leva à conquista de Canaã. Em muitos casos, esses heróis, como Sara, voltam-se do reino sensorial para a fé, esperando o cumprimento de promessas ou a intervenção divina na própria vida. No verso 32, temos uma ruptura.
O autor passa em revista vultos do Antigo Testamento sem fazer referência a nomes. Aqui seus atos dividem-se em três categorias. Primeiramente, são citados atos incomuns: foram poderosos na batalha, puseram em fuga exércitos inimigos, etc. Em segundo lugar, são enfocados atos sobrenaturais: fecharam a boca dos leões, apagaram a fúria das chamas, estéreis conceberam, etc. Finalmente, são destacados atos de grande resistência vividos sob condições desfavoráveis: resistiram a insultos, sofrimento extremo, tortura, rejeição e enfrentaram a morte.
Esses heróis nos relembram que nosso tamanho será avaliado pelo tamanho do obstáculo capaz de nos fazer desanimar. Observe que aqueles descritos, mesmo sob um escrutínio superficial, revelaram graves falhas. Veja a referência a Raabe, Baraque, Jefté. A esses acrescente os nomes de Noé, Abraão, Moisés, Sansão, Davi. Nenhum deles tinha qualquer recomendação realista.
O propósito da narrativa é claro: o único Herói aqui não é nenhum desses figurantes disfuncionais, mas Jesus Cristo, que os aceitou, trabalhou com eles e os transformou em luzes brilhantes. Eles eram pessoas comuns, como eu e você, mas foram habilitados a viver de modo extraordinário.
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