poema
Abismo
Olho o Tejo,
e de tal arte
Que me esquece olhar olhando,
E súbito isto me bate
De encontro ao devaneando —
O que é sério, e
correr?
O que é está-lo eu a ver?
Sinto de repente pouco,
Vácuo,
o momento,
o lugar.
Tudo de repente é oco —
Mesmo o meu estar a pensar.
Tudo —
eu e o mundo em redor
— Fica mais que exterior.
Perde tudo o ser,
ficar,
E do pensar se me some.
Fico sem poder ligar
Ser ideia,
alma de nome
A mim, à terra e aos céus...
E súbito encontro Deus.
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